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Ao participar do “Emergências”, no Rio de Janeiro, o ator e humorista criticou os estereótipos perpetuados por emissoras como a TV Globo e, sob os gritos de “Fora, Cunha”, aproveitou para tecer críticas ao presidente da Câmara dos Deputados: “Ele não representa o povo brasileiro. Representa o dinheiro brasileiro”
Já virou um hábito entre os participantes do “Emegências”, evento do Ministério da Cultura que acontece até o próximo domingo (13) no Rio de Janeiro (RJ), entoar um “Fora, Cunha” em atividades e debates de qualquer temática. Não foi diferente em um debate sobre mídias na noite desta terça-feira (8), na Fundição Progresso, região central da capital fluminense.
Intitulada “Mídias de massas e massas de mídias”, a mesa contou com a participação de jornalistas, como Laura Capriglione, Lucas Silva (Uruguai), Holman Morris (Colômbia) e Gloria Munhoz (México), da ativista mexicana Ana Rolón e da secretária de cidadania e diversidade do Ministério da Cultura Ivana Bentes. Ao longo de suas falas, os participantes discutiram o papel da mídia tradicional na formação da opinião pública e analisaram experiências de mídia livre. Um dos pontos altos do debate, no entanto, não foi exatamente a discussão sobre a imprensa, mas o momento em que o sétimo convidado, o ator e humorista Gregório Duvivier, citou o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“Eduardo Cunha diz que representa o povo brasileiro, que seria conservador. Acontece que ele é homem, branco, heterossexual e cristão em um país com mais da metade da população composta por negros e mulheres”, afirmou, sendo interrompido pelos gritos de “Fora, Cunha” da plateia.
“A quem Eduardo Cunha representa? Representa o lobby dos planos de saúde, das empreiteiras, das armas. Não tem uma pessoa que vai dizer que votou nele apaixonadamente. Ele não tem fãs”, completou.
Em sua fala, Duvivier relacionou ainda a “representatividade” de Cunha à de programas humorísticos da TV aberta, revelando o tipo de orientação que recebia quando era roteirista contratado pela TV Globo.
“Sempre tive que ouvir, quando era contratado na Globo, essas coisas de que ‘o povo não gosta disso’, ‘a classe C não gosta daquilo. Sempre falam em nome de uma classe C com uma pesquisa que ninguém sabe de onde veio. Eles dizem que ‘ esse humor Porta dos Fundo, no sense, é coisa de inglês’, aí fazem aqueles programas que a gente sabe como é: mulheres objetificadas, homens desmunhecando… É sempre o caipira, o negro, o nordestino. Basicamente, o humor da TV aberta bate nas mesmas pessoas que a polícia”, ironizou, fazendo à comparação com a situação no Congresso.
“‘É o povo que gosta’. Para mim é a mesma coisa que o Cunha. Que povo é esse? Isso tá obedecendo ao povo ou ao dinheiro que pagam à TV? E o Congresso? É uma relação muito promiscua”.
Brasil 247
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